domingo, 30 de agosto de 2015

Efeitos adversos de tiazídicos em idosos

O uso de diuréticos tiazídicos em idosos requer uma atenção  redobrada.




Hiponatremia, hipocalemia, ou declínio da função renal pode correr com bastante frequência durante os primeiros 9 meses de uso de diuréticos tiazídicos, segundo nova coorte publicada no periódico Journal of the American Geriatrics Society (MAKAM et al., 2014).
Os pacientes idosos são especialmente vulneráveis ​​a eventos adversos aos medicamentos (EAMs), considerando suas alterações metabólicas associadas ao próprio envelhecimento. Diuréticos tiazídicos são medicamentos comumente utilizados no tratamento da hipertensão, entretanto em idosos, seu perfil de segurança pode ser questionável.
Avaliando essa questão, pesquisadores americanos conduziram estudo, utilizando banco de dados Veterans Affairs (VA) para determinar a prevalência de hiponatremia, hipocalemia e disfunção renal associada ao tratamento com tiazidas em idosos.
Para tal, 1.060 pacientes hipertensos (idade ≥ 65), novos usuários de monoterapia com tiazídicos foram comparados com controles hipertensos, pareados por propensão, que não receberam tiazídicos ou outros medicamentos anti-hipertensivos. Todos os pacientes tinham níveis séricos de sódio e potássio normais na linha basal. Como nenhum dos pacientes precisou Medicare durante o seguimento, todos os seus cuidados de saúde, presumivelmente, foram obtidos através do sistema de VA.
O desfecho primário foi uma composição de EAMs metabólicos definidos como: sódio inferior a 135 mEq/L, potássio inferior a 3,5 mEq/L, ou a uma diminuição na taxa de filtração glomerular (TFG) maior do que 25% em comparação aos valores basais. Os desfechos secundários incluíram EAMs severos (sódio <130 mEq/L, potássio <3,0 mEq/L, ou redução na taxa de filtração glomerular de mais de 50%.
Principais Resultados
Durante mais de 9 meses de acompanhamento, 14,3% dos novos usuários de tiazídicos desenvolveram um EAM, em comparação com 6,0% dos não usuários (número necessário para causar dano (NND) 12, 95% intervalo de confiança (IC) = 9-17, p <0,001 ); 1,8% dos novos usuários desenvolveu um EAM grave, em comparação com 0,6% dos não usuários (NND = 82, p = 0,008), e 3,8% dos novos usuários necessitaram de atendimento de emergência ou hospitalização por EAM, em comparação com 2,0% dos não-usuários (NND = 56, p = 0,02). Risco de EAM não variou de acordo com a idade, mas a presença de cinco ou mais comorbidades foi associado com 3,0 vezes mais chances (IC 95% = 1,4-6,2) de desenvolver uma EAM, quando comparado a pacientes com uma única comorbidade.
Valores basais normais-baixos e não mensurados de sódio e potássio estiveram entre os mais fortes preditores de hiponatremia e hipocalemia, respectivamente. Apenas 42% dos usuários de tiazídicos tinham monitorização laboratorial no prazo de 90 dias após o início.
Conclusões
EAMs induzidos pelas tiazidas são comuns em idoso. Maior atenção deve ser dada às possíveis complicações associadas à prescrição de tiazídicos para idosos, incluindo a necessidade de monitorização laboratorial antes e após o início desses medicamentos.
Comentário
A preocupação com o surgimento de EAMs durante a prescrição para idosos é muitas vezes negligenciada, e essa condição leva a aumento de morbimortalidade. O estudo comentado indica que os tiazídicos podem ser associados a importantes EAMs metabólicos e renais em idosos, e como já apresentado nesse site também pode haver uma correlação com novos casos de fibrilação atrial.
Considerando o exposto, a indicação desses medicamentos para idosos deve ser cautelosa, com monitoramento dos valores basais de eletrólitos e acompanhamento frequente posterior. 
Referências
MAKAM, A. N. et al. Risk of thiazide-induced metabolic adverse events in older adults. Journal of the American Geriatrics Society, v. 62, n. 6, p. 1039–45, jun. 2014. Wiley Online Library

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